terça-feira, 30 de abril de 2024

CARA INCHADA


Caro Amigo, quão seria tristonha e melancólica
a vida daqueles que esqueceram da sua
Origem, da sua História, quem assim procede
a sua vida equivale a uma folha seca que 
vaga ao sabor do vento sem Rumo e Direção.
É por conta disso que faço de tudo para que a
minha origem não venha ser esquecida ao
longo dos tempos, abracei este projeto de
falar dos antigos Baluartes que por aqui 
passaram e ajudaram escrever essa nossa
história tão Bela.
Nas minha andanças por esses confins do meu
Sertão, sempre a procura de uma história nova,
dessa vez contar-vos ei de uma que teve um
final muito engraçado.
Num domingo com dia claro, poucas nuvens,
não estava muito quente bom para sé caminhar,
dei uma conferida no velho carro, tudo bem, dei
a partida Rumo ao destino.
Depois de muito andar, cheguei até o destino
determinado que era um lugar muito Belo, um
lugar chamado Furado da Onça, no dito lugar 
morava um velho senhor que atendia pela
alcunha de  João da Onça, Ao chegar em
frente à propriedade deixei o carro em frente à
porteira, peguei os apetrechos passei pela dita
porteira seguir pela estradinha Rumo à morada
do seu João da Onça.
Ao andar por um Bom tempo, deparei-me com
um Riacho muito Belo, onde as águas escorria
em meio as pedras, água cristalina, com um
grau de pureza muito grande, logo acima de um
Barranco um centenário pé de jatobá, a julgar
pela grossura tinha pra mais de 300 anos, uma
Beleza, parei em baixo da sombra para poder
contemplar e fazer o algo que fazia no tempo
de criança, saborear o seu fruto.
Depois de uma Boa caminhada pois a tal
propriedade era grande, finalmente cheguei à
dita casa, uma casa não muito grande, uma porta
ao meio e tendo 2 janelas em cada lado. A dita
casa toda caiada de Branco, porém, as portas
e as janelas não, só que algo chamou-me atenção,
como todas as casas antigas no Sertão em cima
da porta tinha uma inscrição(JFS-1908)depois
de fazer essa observação, chamei pelos seus
moradores, ô de casa! ô de casa! Respondeu lá
de dentro, ô de fora! até que apareceu o velho
senhor na porta.
O velho senhor colocou a mão sobre a testa
para ver melhor, e disse se achegue! cheguei
mais pra perto e ele nos convidou para
entrar, mas ao ver que ao lado da casa tinha
um pequeno galpão preferi ir para o galpão.
Sentei-me num pequeno toco de tamboril e o
velho num outro, e começamos a prosa, para não
perder tempo comecei logo as indagações,
indaguei se este tinha algumas histórias para
nos contar.
Antes do velho começar vi algo que chamou-me
atenção mas para os fundos um Rapaz as voltas
com uma canga. Estava trançando algumas
correias, ao lado um cachorro deitado, nem nos
viu, ao ver-me o dito Rapaz olhou-me meio sem
graça, ai eu notei que este estava com a cara
inchada, muito inchada, parecia uma cara de lua
cheia, ao ver aquela cena deu uma vontade de
Rir, mas segurei, não poderia cometer tamanha
desventura.
Mas que estava engraçado estava, pois os olhos
do dito Rapaz estava fechados de tanto inchado,
a cara estava Redonda.
Indaguei ao velho quem seria aquele Rapaz e o
porque da cara inchada, o velho Respondeu, há
seu Moço! nem lhe digo! nois plantou uma Roça
de catador! antonte deu uma chuvada boa! ai nois
foi capinar o catador! quando o sol tava 
chegando perto do meio dia! o Zeca foi inté o
Ranho Buscar a Cabaça pra mod nois Beber
agua! quando o Zeca chegou no Rancho e meteu
a mão na cabaça as abea que tinha arranchado 
no Rancho pegou ele! mordeu muito! tá cum a
cara tudo inchada! impapuçada! inté agora! vendo
o dito cujo com a cara tão inchada, que até os
olhos estava fechados, e a vontade de Rir que
não passava, mas tinha que segurar. O Zeca me
olhava meio de Banda, mas não deixava de 
trançar as correias, com a cara de lua cheia, é
claro, e eu com a vontade de Rir. Voltando ao
assunto, a indagação que fiz ao velho senhor
sobre as histórias, ele nos disse, tem uma da
cacimba! eu fui inté a cacimba encher a cabaça
d`agua! cheguei na cacimba tirei o sabuco
da Boca da cabaça, meti a danada na agua! ai
bateu um cheiro danado de mato queimado! ai
pensei quem botô fogo no mato! há seu moço! ai
oiei pra cima do barranco! antes não tivesse
oiado! lá em cima tava uma onça pintada cum
os oios amarelados! parecia duas jiló! oiando
pra mim! ai botei a tampa na cabaça passei
sebo nas canela e pernas pra que te quero! foi
uma carreira das grandes! no meio da carreira 
senti que as calças moiô! pensei! mijei na
calça! quando cheguei no Rancho notei a cabaça
leve! ai eu vi que na carreira a danada quebrou!
ai eu vi que foi a agua dela que moiô a calça!
ai pensei! sai na vantagem! perdi a cabaça! mais
não perdi a Vida! não é mermo! é isso ai! essa
vida tem dessas coisas! não é mermo! enquanto
isso o Zeca continuava as voltas com as
correias, com a cara inchada e a vontade de rir
que não passava, mas tinha que aguentar firme.
Mas com o adiantado da hora, tive que despedir
com a promessa de um outro dia voltar pra mais
um dedinho de prosa. Não tive coragem de chegar
perto do Zeca para despedir-me para não correr
o Risco de Rir. Dado que, essa foi mais uma das
inúmeras historia que ouvi e que ainda vos
contarei num outro dia. Paz e Bem.....

Raimundo Sucupira

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