quarta-feira, 27 de julho de 2022

QUEM DESCONFIA FICA SÁBIO

Caro Amigo,O Sertão não tem Janelas,
nem Portas.E a Regra é Assim;ou o
Senhor Bendito Governa o Sertão,ou o
Maldito vos Governa.Dizia o Guimarães
Rosa.Lá pelos Idos de 1859 num Povoado
Chamado Veredas,Encravado em 
meio ao Sertão da Bahia,Cercado pelas
Montanhas,um Povoado Cuja 
a Padroeira era Nossa Senhora do
Carmo.
Povoado não Muito Grande,tinha de 15
a 20 Casas em volta da Capela Dentre
elas o Sobrado do Coronel Cipriano,um
Coronel que fazia questão de Preservar
a linha dura que Herdou dos seus 
Antepassados.
O Coronel Cipriano não morava no
Dito Povoado,Mantinha o Sobrado no
Povoado e os seus 
Agregados,mas pouco ia lá,ficava mais
na Fazenda Angico que ficava um 
Pouco Afastada do Povoado,sé ia ao
Povoado de vez em quando,nas
Ocasiões Especiais,Principalmente nos
Festejos de Nossa Senhora do Carmo.O
Coronel Cipriano era o maior Chefe
Político da Redondeza controlava tudo
com Mãos de Ferro,não deixava Escapar
nada,tudo que Acontecia tinha que ser
o Primeiro a Saber,sé não Aprovasse não
tinha nada feito,tudo tinha que passar por
Ele.
A sua Fazenda tinha as melhores Terras
da Região,a Casa Grande na Parte mais
Alta da Propriedade fazia com que da
Casa sé via Bem todo o Vale,Inclusive 
a Estrada que dava Acesso à Sede da
Fazenda.
Casa Grande com 8 Janelas na Frente,
uma Enorme Varanda,Madeira toda 
Bem Trabalhada,ao sentar se na Varanda
no Antigo Estrado de Peroba sé via 
quase toda a Propriedade.
Numa Certa Manhã 22 de Novembro de
1895 o Coronel Cipriano sentou-se à
Varanda como de Costume,não demorou
um dos seus Cachorros o que Atendia
pela Alcunha de Rajado veio e deitou-se
ao lado do Estrado donde se encontrava
o Coronel,logo o Cachorro pegou no
Sono,não demorou e Começou a
Estrebuchar devido aos Sonhos,de vez
em quando o Coronel passava lhes o 
Rabo de Olho.
Foi Interrompido por Nhá Chica com 
um Bule de Café passado na Hora,
depois do Café o Coronel Meteu a Mão
na Algibeira da Calça de Algodão
Riscado,donde tirou uma pequena 
Palha de Milho já Cortada,um pequeno
saco com o Fumo pegou o Canivete e
Enrolou o Cigarro.Já com o Dito
Cigarro na Boca Meteu a Mão na Outra
Algibeira tirando o Boga,a Pedra de
Figado de Galinha,para os que não
Conhece,a Pedra Figado de Galinha é
uma Pedra que pouca Gente Conhece e
que Parece um Figado de Galinha,esta
serve para Faísca para Acender o Boga,
que é um Binga feito com o Chifre do
Boi.
Como se faz o Boga?Corta se um pedaço
do Chifre do Boi,enche com uma Bucha
de Algodão,tampa com uma Tampa feita
com um pedaço de Cabaça e o Boga tá
Pronto.Pega se um pedaço da Pedra 
Figado de Galinha,um Pedaço de Lima
e é só Colocar a Pedra na Beira da Boca
do Boga,dar uma Raspada com a Lima
na Pedra e sai as Faíscas que vai cair na
Bucha e Acender o Boga.
Já com o Boga na Mão o Coronel 
segurou entre os dedos,pegou a Pedra 
e o pedaço de Lima e deu a Primeira
Raspada,da Primeira não Acendeu,mas 
da segunda a Faísca foi Maior e 
Acendeu o Boga,Enfiou o Cigarro no
Dito cujo,deu uma Longa Tragada que
a Fumaça foi até a Cumeeira..
Eis que de Repente um pequeno ponto
de Poeira na Estrada o Coronel Gritou
Malvina!vem vindo Gente!o Coronel se
Preparou para Receber a Visita,Era o
Moleque Tião que ia levar uma noticia
Importante para o Coronel,mas antes de
chagar à Casa Grande tinha que passar
por um Riacho,no dito Riacho tinha uma
Pinguela,quem tivesse a Cavalo poderia 
passar pela Pinguela,quem tivesse de
carro de Boi passava pela Água mesmo,
na Velocidade que o Moleque veio com
o Jumento não deu Tempo para passar 
por cima da Pinguela,Tibungou pela 
Água molhou se todo.Eis que chegou
aos Borbotões o Moleque Tião,
Escanchou se ao Terreiro,saltou do
Jumento Preto correndo para a Casa
Grande,o Moleque Tião era um dos
Agregados que morava no Sobrado lá
no Arraiá,o Moleque Tião era um 
Moleque Ladino,cuja a Sabença lhes
colocava à Frente dos Outros Lacaios
do Sobrado,tinha lá as suas Regalias.
O Moleque correndo em direção à Casa
Grande aos Gritos,Coroné!Coroné!
Coroné!Coroné!o Coronel Bradou,diz
Moleque!o que foi que Assucedeu!ainda
fungando disse, um Forasteiro todo
Engravatado chegou no Arraiá e foi pra
Casa do Tabelião Abilio!oTabelião era
um Desafeto Político do Coronel,vivia
a Ciscar nos Currais Eleitoral do
Coronel,ou melhor nos Redutos Políticos
ai o Cabo Ambrosio mandou lhes Avisar!
já o Cabo Ambrosio era um Pau Mandado
do Coronel,quer dizer Aliado, o Coronel
jogou o toco do Cigarro ao Chão pisando
em Cima deu uma Puxada no Bigode
dizendo, hum!Fizeste Bem em vir me
Avisar!Amanhã Cedo vou ao Arraiá ver
do que se Trata!o que esse Cabra quer!o
que veio fazer aqui no meu Arraiá!ao ver
o Moleque o Rajado Balançou o Rabo,o
Coronel vendo a Cena Resmungou,hum!
hum!hum!Raiz pra nada!tu só presta pra
Comer e Bufá!vira para o Moleque e diz,
Avia!Avia!Avia!volte para o Araiá e fica
de Orelha em Pé!não perca o Cabra de
Vista!o Moleque voltou na mesma
Pisada,o Coronel voltou a Sentar se ao
Estrado Resmungou novamente dizendo
é tudo Deleite Meu!Hum!Hum!Hum!no
outro dia na Delegacia o Cabo Ambrosio
lhes Relatou o Ocorrido,era um Caixeiro
Viajante que veio ao Arraiá em Busca de
Vendas.
Em Assis Sendo,tudo ficou como dantes
no Quartel de Abrantes,ou melhor no
Curral Eleitoral do Coronel.
Todos Respiraram Aliviados,Afinal,nada
poderia Afetar a Tranquilidade daquele
Arraiá por nada desse Mundo.Eita Sertão
que Quero Bem.Paz e Bem......

Raimundo Sucupira



 

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