terça-feira, 28 de maio de 2024

VELA NA MÃO


 Caro Amigo, Voltando Recentemente
de uma famigerada pandemia, e não
querendo perder-me em devaneios 
inúteis o tempo que  me vi forçado
a passar confinado em casa, preferi
ocupar-me em Relembrar das muitas
histórias que tenho ouvido ao longo
das minhas Andanças por esse meu
Sertão. Nas minhas andanças pelos
confins desse meu Sertão em
Busca de algumas histórias novas,
dessa vez fomos até a casa de um
velho senhor chamado Firmino um
senhor muito conhecido na Região.
Só que para chegar até a sua casa
não era uma tarefa fácil, pois a
dita casa é numa Região Remota,
tem que andar por muitas léguas. 
A dita propriedade ficava num
Belo Vale cercado por várias
Montanhas, num lugar chamado 
poço D` Anta, a dita propriedade
ficava ao pé da Montanha onde
descia um imponente Riacho, em
meio ao Riacho ficava um poço
que nunca secava, tinha água o ano
Inteiro.
A casa do velho senhor ficava num
lugar muito Bem colocado, pois da
casa sé via quase toda a Redondeza,
ou seja, a propriedade, nada 
passava despercebido.
Depois de muito andar, eis que 
cheguei até a porteira que levava à
dita propriedade onde morava o
velho senhor Firmino, para os 
chegados(Mino de Bela)deixei o
carro na sombra de um vistoso pé
de Gameleira em frente à porteira.
De posse dos apetrechos desci pela
estradinha que levava até à casa que
ficava Bem no alto da propriedade, 
andando um pouco mais cheguei até
um Riacho com água cristalina. Ao
chegar até o dito Riacho coloquei 
os apetrechos em cima de uma
Pedra, peguei um pedaço de
Raspadura que carrego por onde
vou nas minhas andanças, comi um
Bom pedaço, bebi um pouco da
água fresca, sentei na Pedra dei uma
Respirada, fiz
 algumas anotações,
sobre a Beleza daquele lugar, fiz o
caminho logo em seguida Rumo à
casa.
Depois de uma Boa caminhada
cheguei perto da dita casa, pois 
ouvi o alarido dos cachorros que
sentiu a minha chegada, ao
aproximar da dita casa fui Recebido
pelos cachorros. Em meio do 
alarido uma voz Ressoa, era o velho
senhor a Ralhar com os valentões que
o atendeu, voltando e deitando na
sombra do vistoso pé de Tamboril
que ficava na frente da casa. Tratei
logo de me apresentar, Bom dia meu
senhor! Respondeu dias! lhes disse
tem um minuto para um dedinho de
prosa? Respondeu sim senhor! sé
achegue! vendo que na sombra do
pé de Tamboril tinha um carro de
Boi e alguns pedaços de madeira
cortada preferi ir para a sombra do
Tamboril.
Sentei-me no cabeçalho do carro de
Boi e o velho num toco, como 
costumo fazer não perdi tempo e fiz
logo as indagações sé tinha alguma
história para nos contar. Tirando o
chapéu de coro da cabeça olhou
para mim e disse vou lhes contar a
história da Vela.
Meu sogro o Pai da minha Mulher
Bela era um homem muito veaco!
tinha lá seus segredos! gostava de
fazer as coisas na surdina! um certo
dia! dia de Sexta feira Santa! o
velho foi para o Rancho que ficava
ao lado da casa! pegando uma 
garrafa de Pipiu batendo tudo no
Buxo! para os que não conhece o
pipiu é uma planta chamada gambá
que se coloca dentro da pinga para
tomar na Sexta Feira Santa. Voltando
ao assunto, disse ele, o velho não
aguentou e arriou! a velha Barbina 
foi chamar para tomar o café e deu
de cara com o velho arriado!
 ai a velha que não enxergava muito
Bem ao ver o velho escornado a
velha Bradou, Belinha! vem cá!
Traga a Vela que teu Pai tá morrendo!
acuda! a Bela pegou a vela! acendeu
e veio correndo para colocar a vela
na mão do Moribundo! Quando a
vela queimou e escorreu na mão do
velho o velho deu um Berro! tu tá 
doida Mulher! tu quer me matar! a
velha Retrucou, uai parecia que tu
tava morto infeliz! o velho disse 
ainda não é dessa vez que tu vai se
vê livre de mim velha agorenta! De
vez em quando ele nos contava essa
história e a velha Resmungava, é
mesmo vazo Ruim não quebra.
Ao ouvir essa história engraçada 
olhei para o Relógio e vi que a hora
já estava adiantada ai despedir com
a promessa de num outro dia voltar
para mais um dedinho de prosa. De
modo que, essa foi mais uma das
inúmeras histórias quer ouvi e que
faço questão de vos contar numa
outra Ocasião, nos aguarde que na
próxima vos contarei. Paz e Bem.....

Raimundo Sucupira

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