terça-feira, 30 de julho de 2024

NO CARREIRO


 Caro Amigo, a esses Homens-que se
Intitulam Panaceias, a esses 
Empreiteiros de todas 
encomendas, a esses avivadores de
todas as encomendas, se escancelam
os portões da fama, do poderio, da
grandeza, e, não contentes de lhes
aplaudir entre os da terra a 
nulidade, ainda, quando Deus quer,
alguns fazem uso da Prosápia para
sub julgar os que como eles não 
Lizou um Banco de Faculdade, por
tanto não são Doutores.
Pelo contrário, os que se tem por
notório e incontestável excederam
o nível da instrução ordinária, esses
para nada servem, por que? porque
sabem de mais e sabendo de mais,
sé acham acima do bem e do Mal.
A pior espécie de ignorância é 
cuidar uma pessoa saber do que 
este não sabe, por conta disso que,
muitos que vivem hoje na tal da
modernidade ignoram às coisas do
Passado.
Infeliz daqueles que esquece o seu
passado, este equivale a uma folha
seca que vaga ao sabor do vento
sem Rumo e direção fadado ao
Fracasso.
Sou um saudosista, não nego, jamais
negarei a minha Procedência, a 
minha Origem, o meu passado, o que
aprendi com os meus Antepassados.
Dia desse ao sair para colocar o lixo
na lixeira vi um Senhor passando em
frente à minha Casa com um facão
na Cintura e uma Enxada sobre os
Ombros.
Ao ver aquela cena não pude deixar
de voltar no Tempo, precisamente na
saudosa Infância, quando ia à Casa 
dos meus Avós para Brincar e colher
as Frutas.
O meu Avô morava no distrito de
Canabravinha, ele tinha um terreno
na Tenda donde plantava de tudo um
pouco, aos sábados trazia as frutas
para vender na Feira.
Num certo dia meu Avô chegou com
a Enxada nas costas, pendurou a dita
cuja na cumeeira do Rancho que ficava
ao lado da Casa. Mal falou com minha
Vó, eis que de repente, aparece o velho
cachorro grunhindo e estrebuchando,
ao ver a cena a minha vó resmungou,
hum! hum! hum! isso é obra do tinhoso,
medonho do Casaco véi! vão atrás do
dito cujo que vão achar no carreiro! o
lazarento não foge! quem passar por
lá ele Pega! saiu todo mundo rumo ao
carreiro que levava ao Roçado, caça
dali, caça dacolá, até que, de repente, o
Chocalho bateu, lá estava o lazarento,
o medonho, o venenoso enrolado num
pé de malva branca.
O Medonho, Raivoso, preparado para
o Bote Fatal, a Rodilha, o Bote, o perigo
a Espreita, a espera de um vivente, que
seria picado.
Uma Enxadada só, o medonho, o feroz,
o lazarento, estrebuchou se em baixo
da Malva, mais uma enxadada, o golpe
final. Arrastado para o meio do carreiro
o Medonho esticado revelou o sua 
Idade, ao contar os anéis foi constatado,
12 anéis, por tanto,12 Anos.
Ao final do ocorrido, o medonho foi
jogado numa moita de macambira, para
os que não conhece a Lenda, os 
Antigos dizia sé um vivente pisasse
numa espinha de Cobra ficaria aleijado
para Sempre.
Sé isso é verdade ou mentira não sei,
só sei que não vou pagar para ver, a
verdade é que no Sertão as pessoas
leva a sério certos preceitos, não custa
nada levar mais esse.
A essas alturas a Vovó já estava a
cuidar do Cravinho, dessa não morreu,
ainda guardou o terreiro por mais 
alguns anos, morreu de Velhice, quase
vinte Anos.
Tenho, ainda hoje, convicções de que 
nessa observância persistente esta o
segredo feliz, não só da minha Historia,
mas da Historia daqueles que viveram
bem antes de Mim.
Dado que, ao abraçar o projeto em falar
dos que fizeram Historia, quero tão 
somente manter viva essa parte muito
importante que não pode ser esquecida
de maneira nenhuma, tudo pelo bem da
nova geração. Paz e Bem.....

Raimundo Sucupira

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