quarta-feira, 9 de novembro de 2022

MULUNDU

 

Caro Amigo,Quanto mais o Tempo
Passa mais Fresca vai ficando a
nossa Memoria,dia desse ao ver um
Cidadão passando a tocar Algumas
Cabras,umas Quatro ou Cinco,sé
não me Falha a Memoria.Ao ver
aquela Cena não foi Possível deixar
de Voltar no Tempo,precisamente na
minha Saudosa Infância,naquela 
Época todas as Famílias Criava um
Rebanho de Cabras.
Papai a Mamãe Criava um Pequeno
Rebanho de Cabras,em meio ao dito
Rebanho tinha uma Cabra que 
Atendia pela Alcunha de Milu,a
Milu era Boa de Leite,uma Cabra
Malhada.
A Milu era Boa de Leite,era uma
Beleza,Quando estava Parida supria
a Casa de Leite,Quando não era para
nós de Casa era para os Meninos da
Vizinhança.
Lembro-me Bem de um Fatídico dia,
uma Senhora chegou em Casa muito
Avexada,com um Menininho muito
Magro nos Braços,a dita Senhora deu
um Grito,ô de Casa!ô de Casa!ô de
Casa! a Mamãe Respondeu,ô de Fora!
a Senhora disse,Sá Carmira!eu vim 
aqui por conta do meu Filho!o 
Bichinho ta Miúdim que ta Danado!
a Senhora tem como me Ajudar!eu
Preciso do Leite de Cabra!fiquei
Sabendo que tem uma Cabra Boa de 
Leite!preciso que me Acuda!a Mamãe
disse Calma Mulher!eu vou te ajudar!
Olhou para Mim que Brincava em 
meio ao Terreiro fazendo Curral e
Colocando os Bois da Fruta do 
Quiabento,dizendo Remundo!vá ver
Adonde a Milu estar e Traga ela pra
Cá!meio Chateado,porém,Ordem de
Mãe naquela Época sé Cumpria sem
Reclamar.
Pequei a Corda de Caroá e fui ao
Encontro da Milu,naquele Tempo o
Comum era Grande,não Tinha tanto
Desmatamento,para quem não sabe,o
Comum era as Terras sem Dono,sem 
Cercar,agora não tem mais Terras 
sem Dono tá tudo em Baixo de Cerca.
Depois de muita Procura Finalmente
Encontrei a Milu,há, a Milu era uma
Cabra Tinhosa,quando estava solta 
no Mato para pega-la era um Deus 
nos Acuda,a Dita Cuja Corria feito 
uma Ema,quando a Milu me viu deu
no pé,partiu pra Correria,passou 
sebo nas Canelas e Pernas pra que te
quero.
Corre dali,Corre dacolá,pega dali,
pega dacolá,Rasguei a Minha Camisa
de Chita que mais Gostava nas Unhas
de Gato,a Medonha sumiu,eis que de
Repente avistei a Danada em cima 
dum Mulundu a me Espiar,quando 
cheguei mais Perto a Danada deu no
pé de Novo.
Corri quase o dia Inteiro,mas Ordem
é Ordem,penei mas Finalmente peguei
a Fujona,fazendo o Caminho de volta
pra Casa.Cheguei,Abri a Porteira e
Coloquei a Milu no Quintal para que
o Leite pudesse ser tirado.Mais uma
Criança Salva pelo Leite da Cabra
Milu.
Chorei por muitos dias por conta da
Camisa de Chita Vermelha toda
Rameada que Rasgou nas Unhas de
Gato,Até que a Mamãe mandou a
Merita de Antônio Marques fazer
Outra para Mim.É assim sé seguiu
 por muitos
Anos,o fato é que,no Sertão quem 
tem Cabra no Chiqueiro não passa
Aperto,tem sempre um Leitinho 
Fresco para Alimentar os Rebentos.
Criação que quase não dar Trabalho,
Precisa se de muito pouco para se
Alimentar,come de tudo ou quase de
tudo.
Qualquer manga serve,não importa
se tem Capim,tendo o que Roer tá
Bom,a Danada come o que achar pela
frente,não importa donde estar,sé for
para subir nas Árvores ela sobe,sem
Problema.
Há vou lhes contar uma Travessura da
Milu,toda Casa Antiga as Telhas são
cheia de Limo,isso é comum,pois Bem,
um Certo dia estava deitado olhando
para Cima,eis que de Repente um
Monte de Limo cai na minha Cara,dei
um Pulo da Cama com os Olhos cheio
de Terra.
Vi um Vulto sé mexendo em cima da
Casa,sair ao Terreiro para ver do que
sé Tratava,Qual não foi a minha
Surpresa?a Milu estava Bem na 
Cumeeira olhando para Mim com a
maior Tranquilidade.
Dado que,ao vir no Sertão,e dar de
Cara com Terreiro cheio de Cabras,o
Moço não sé Assuste,isso por aqui é
Normal,para nós é motivo de Orgulho.
É Homens e Animais a Viver em 
Perfeita Harmonia um Servindo o
Outro,e Assim sé segue a Vida nesse
Sertão que tanto Amo,Eita Sertão que
Quero Bem.Paz e Bem....

Raimundo Sucupira

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