quinta-feira, 1 de abril de 2021

PAÇOCA E PITACA

Caro Amigo,Costumava Sair pelos
Confins desse meu Sertão Quase
Todos os Domingos,Fazia isso em
Busca de uma Boa Historia,porem,
Apareceu Essa Inesperada e Triste
Pandemia para  Atrapalhar o meu
Projeto.
Cá Estou Em Casa Confinado,sem
Poder Fazer o que Mais Gosto,as
Minhas Andanças pelo Sertão,pois
não Quero Sair para não Correr o
Risco de Contaminar-me nem tão
Pouco Contaminar os Demais.Por
isso,Contar-vos Ei o que nos
Aconteceu na Última Andança que
Fiz,os Causos que Ouvi.
Num Certo Domingo,Sair para
Mais uma dessas Andanças,dessa
Vez foi por uma Região com 
Belas Montanhas,depois de Subir
Algumas Montanhas,o Velho e
Surrado Carro Abriu o Bico,ou 
seja,Começou a Esquentar,a
Ferver o Radiador.
Faltava um pouco para Chegar ao
Vale depois da Montanha,Mas 
Com o Carro Esquentando,o
Deixei Sobre a Sombra de um Pé
de Jatobá a Beira do Caminho.
Peguei os Apetrechos e Botei o Pé
na Estrada,logo Avistei uma
Pequena Casa ao Final do Vale,a
Dita Casa não Era Calhada,logo
Apertei os Passos,Vindo a Cansar
um Pouco pois a Estradinha Era
Arenosa.
Depois de Andar por Algumas
Léguas,Cheguei Até uma Pequena
Porteira,a Dita Porteira Era 
Daquela que não Bate,é das cujo
os Morões são Furados,os Paus
Corre por Entre os Buracos,para
que se possa Abrir-la.
Tratei logo de Abrir-la,puxei um
Pau,o Segundo Pau,Quando fui
Puxar o Terceiro fui Impedido por
um Bravo Cachorro Malhado,o
Danado Acuou-me Até que 
Apareceu um Velho Senhor que
Montava num Cavalo Pampa,para
os que não Conhece,o Cavalo
Pampa é de duas Cores.
O Dito Senhor Ralhou com o
Cachorro dizendo,se Aquete ai
Paçoca!o Moço é de Paz!o que foi
logo Atendido,o Valente Guardião
Deitou-se Sobre a Sombra de um
Pé de Malva Branca.
Tratei logo de Cumprimentar-lo,
Bom Dia Senhor!Respondeu-me,
Dias!Falei o Meu Nome é
Raimundo Sucupira,Disse-me o
Velho Senhor,o meu é Belarmino
Ferreira de Silva,Mas me Chama
pelo Apelido de Belo!
Lhes Indaguei,posso Entrar
para Tomar uma Caneca D´Água
e um Dedinho de Prosa?com um
Sorriso Respondeu-me,se Achegue
meu Filho!Assim o Fiz.
Fomos de Encontro à Casa,Ele 
Montado ao Cavalo e Eu a Pé 
com o Paçoca ao lado me
Olhando meio de Banda,Até 
Chegar à Casa.
Ao Chegarmos à Casa o Velho
Amarrou o Cavalo Sobre a 
Sombra de um Pé de Caraíba que
Tinha à Frente da Casa e que 
Estava Branquinho de Flores,Este
Chamou-me para Entrar,Mas ao
Ver um Galpão ao lado da Casa
Preferir ir para o Dito Galpão,
Sentei-me numa Sacaria,Ele num
Banquinho.
Para não Perder Tempo fui logo
Indagando,há Quanto Tempo ele
Morava Naquele Lugar e se Este
Gostava,Com um Largo Sorriso
Respondeu-me,Claro meu Filho!
não me Acostumo Noutro Lugar!
Aqui Morou Meu Avô!Morou o
Meu Pai!Agora Moro Eu!não
Saio Daqui por Nada desse
Mundo!Ao ser Interrompido 
por um Espirro do Paçoca,lhes
Indaguei o Motivo do Apelido
do Mesmo,Respondeu-me,há
meu Filho!a Mãe dele Pariu uma
Ninhada de Quatro Cadelas e
Trés Cachorros!Ele Ainda Miúdo
Era o Único que Vinha ao Pilão
Comer Paçoca Quando a Milinda
Estava Pilando!Ai nós Botamos
o Apelido de Paçoca!Eis que mais
uma Vez Fomos Interrompidos,
dessa Vez um Grande Alarido,um
Corre,Corre das Galinhas ao 
Terreiro,os Leitões que chegou
Querendo Comer a Comida das
Galinhas,Apareceu um Leitão
Rajado Fuçando-me o Pé.
De Repente Alguém Insultava
me Dizendo,Ei Tabaréu!Ei
Tabaréu!Ei Tabaréu!Fiquei meio
Sem Graça com Aquele Insulto,
Estremecido,com Aquilo,Afinal,
Num Lugar tão Longe ter Alguém
tão Abusado.
o Velho Tratou logo em
Tranquilizar-me,Liga não meu
Filho! é a Pitaca!a Maracanã da
Milinda,Todo dia é essa Labuta
Quando os Leitões vem Comer
no Terreiro! é essa Pendenga!,
já Acostumei!é Carreira pra todo
Lado!Maracanã  é um Pássaro 
que Quando dar para Falar fala
pelos Cotovelos,Nesse Caso, pelo
Bico.
Quis Saber Sobre a tal Maracanã,
Contou-me o Ocorrido,Apontando
para os Matos Verde ao Pé do
Morro Dizendo,Tá vendo Aquele
Mato Verde lá no Pé do Morro?
Lá tem um Minadouro!e na Beira
do Minadouro tem um Pé de
Gameleira Antigo,na Galha da
Gameleira tem um Oco donde as
Maracanãs vem fazer o Ninho Todos
os Anos!Num Certo dia Fui pegar
Água e dei de Cara com o Filhote
no Cão!não Pude Subir para 
Colocar o Dito Cujo de Volta no
Ninho,pois já Estou Velho,todo
Escanhotado!o Jeito que tive foi
Trazer  pra Casa!Ai a Milinda deu
o seu Jeito!Papa dali,Mingau 
dacolá,pois não é que a Danada
Vingou?Tai!já vai pra mais de
Trinta Anos!é o Xodó da
Milinda!Eis que Aparece a Dona
Milinda com um Bule numa Mão
e uma Pequena Gamela com uns
Pedaços de Cuscuz coberto por
um Pano de Algodão Riscado na
Outra Mão,no Bico do Dito Bule
duas Canaca Esmaltada todos da
Mesma Cor.
Há,Antes que me Esqueça,Era
Grande o Cheiro da Manteiga de
Garrafa que a Velha Derramou no
Cuscuz.
Lembro-me como se Fosse Hoje!
Um Bule Verde,Tinha dois ou Trés
Descascados,Devido ao seu Longo
Itinerário.Depois do Cafezinho,
Mais um Dedinho de Prosa,chega
a Hora da Despedida,com a 
Promessa de Voltar num Outro dia
o que Inda não foi Possível por
Conta dessa danada Pandemia.Dado
que,Essa foi só mais uma das
Inúmeras Historias que Inda volo
Contarei.Paz e Bem...


Raimundo Sucupira


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

 
Contador de Visitas Para Blogs