NA CASA DO PADRE

 

Caro Amigo,Não Foi Somente 

aos Indivíduos que a Natureza

Distribuiu o Dom do Amor

Próprio,Cada Povo,cada Nação,

cada Cidade Recebeu Boa 

Dose,Em Assim Sendo,Estes

Cultivaram as suas 

Lembranças.

Em Casa,Ainda Sob o Efeito

dessa Famigerada Pandemia,,o

tal Confinamento ao qual todos

fomos Forçados,dia desse ao

Folhar as Paginas da Mente,

Lembrei-me de uma passagem

muito Engraçada que nos

Aconteceu na Infância.Minha

Mãe Ia Sempre à Casa do

Padre Benvindo,Era Ela quem 

fazia o Rapé que o Padre

Usava,por Conta disso Ia à 

Casa do dito Padre quase toda

Semana.

Como todo Caçula,não 

Desgrudava da Mamãe,Donde

Ela fosse Eu lhes Acompanhava

por Tanto,quando Ia à Casa do

Padre Benvindo Eu Ia Também.

Num Certo dia Lembro-me 

Bem como se fosse Hoje,minha

Mãe foi levar o Rapé do Padre

e Eu fui Junto,a Casa do Padre

ficava perto da Casa de 

Pequena de Cadu,Hoje Praça

que leva o seu Nome,Praça

Padre Benvindo.

Ao chegar à Casa do Padre a

Minha Mãe foi Até a Cozinha

ter com as Amigas,eu fiquei

na Sala donde estava Algumas

Crianças,foi Ai que Chegou o

Padre Benvindo Montado numa

Mula Melada.

Depois de Sentar-se Sobre um

Velho Estrado nos Chamou,

Venha cá!se Achegue!vou lhes

Contar uma Historia!a Historia

da Mula sem Cabeça!todos 

Sentados ao Chão pois não

Tinha Assento para Tantos

Peraltas,todos prontos para 

Ouvir tal Historia.

O Padre disse um Certo dia 

fui ver os Terrenos,passei pelo

Terreno do Bom Jardim,indo

depois para o Riachão 

passando pelo Rompe Gibão,

já estava ficando Noite,a Lua

Estava Cheia.

Há Meninos!quando Entrei no

Corredor,comecei a Ouvi um

Tropel dos Diabos logo à

Frente,o Cavalo Era Inteiro,o

Dito Cujo começou Murchar

as Orelhas,Apertou os Passos,

Segurei Firme na Sela,soltei

as Rédeas.

O Tal do Tropel Aumentava

a cada Instante e nada de 

Chegar o Cavaleiro,Bateu um

Medo Danado,foi Grande o

Arrepio.Eis que de Repente, na

Curva da Estrada bem à Frente

Surgiu um Vulto,vindo na 

minha Direção,Apurei Bem as

Vistas,a Lua já Estava Bonita,

Vi Bem,Quando passou por

Mim uma Enorme Mula sem

a Cabeça.

A Danada Passou Ventando 

Sumindo logo à Frente na

Sombra de um Pé de Mulungu

Encostado na Cerca.

Ai tive que partir pras Orações,

o Cavalo Escanchou-se na 

Beira da Cerca Soprando como

Tal,foi Ai que Lembrei-me,Era

a Quaresma.

O Povo diz que a Mula sem

Cabeça é a Mulher do Padre,o

que não é Verdade,pois o Padre

não tem Mulher não é!Mas que

foi um Aperto dos Diabos lá 

isso foi.

De modo que,quando chegar a

Quaresma não saia de Casa a

Noite,Reze Bastante,Obedeça a

sua Mãe,o seu Pai,pois se a tal

da Mula Aparece a Coisa vai

ficar Feia para o Vosso Lado,a

Danada é uma Coisa do Outro

Mundo.

Dando uma Enorme

Gargalhada disse,quem quiser

que Conte Outra,tirou as Botas

dos Pés,Esticando as pernas

no Velho Estrado,Meteu a Mão

no Bolço tirando um pequeno

Chifre donde continha o Rapé,

tirou a Tampa Meteu os Dedos

tirando Rapé e levando ao

Nariz.

Nessa Hora a Mamãe chegou e 

lhes pediu a Benção,o que logo

foi Atendida,Saindo em Seguida

e Eu Atrás é Claro.

Ao passar pelo Beco dos

Quarteis a Mamãe inda Brincou

com o Cristo que Estava a

Limpar umas Botas,fiquei meio

Cismado pois este nos dava

Beliscões.

Já passado Tantos Anos,pois 

não é que essa Historia Sempre

vem á Lembrança Sempre que

Chega perto da Quaresma,pelo

Sim,pelo não,é Sempre Bom se

Precatar não é Mesmo!Essa foi

mais uma das Inúmeras Historia

que Ouvimos no Passado e que

Fazemos Questão de vos Contar,

faz Bem a Alma.Paz e Bem.....

Raimundo Sucupira