quinta-feira, 11 de outubro de 2018

TORRADEIRA

Caro Amigo,Em Primeiro
Lugar,Haverá Algo mais
Doce,Algo mais Precioso
que a Memoria?Se não
Sabem Contar Historias,
Tirem de um Embolorado
Alfarrábio Quatro ou
Cinco Palavras com as
Quais Formarão uma Bela
Historia.
Conheceis,porem,uma das
Inúmeras Historias que já
Vivi ao longo dessa minha
Vida,nesse meu Sertão,de
modo que,com ela hei de
Obriga-lo ao menos por
de lado essa vossa
Preocupação.
Nasci e Cresci no Sertão,
em meio à Fartura,tinha
de tudo em Casa,pouca
coisa se Comprava na
Feira.
Lembro-me Bem uma
dessa pouco coisa que a
Mamãe Comprava na
Feira,era o Café em Coco,
pois era Assim que ela
chamava o Café Cru.
Como naquela Época não
tinha tantos Utensílios,isso
era coisa de Rico,lembro-
me dos Ritos que a minha
Mãe fazia para Torrar o
Café.
Ela Preparava uma
Torradeira de Barro,depois
colocava no Fogão a lenha,
tocava Fogo,Quando a dita
Torradeira estava Bem
Quente,colocava o Café em
coco,Quebrava Alguns
pedaços de Raspadura em
meio aos Grãos de Café.
De posse de uma Colher de
Pau com um Cabo Comprido
para não Queimar a Mão,
começava a mexer o Café.
Quando o dito cujo
Começava a Torrar,o Cheiro
ia Longe,Quem estava a
favor do Vento,Sentia ao
longe,Tamanho era o Cheiro.
Café Torrado,era hora do
Pilão,pois Moinho era coisa
de Rico,Quem não tinha ia
para o Pilão,depois era só
colocar numa Lata e Tampar.
De vez em Quando ao
Senta-me à Mesa para tomar
o Café,Vem-me a Mente o
Café que minha Mãe Coava,
Adoçado com Raspadura,era
uma Delícia que nunca mais
tive o Prazer de Saborear.
Dado que,Quando Bate a
Melancolia,Ponha-me a
Viajar no Tempo,a Relembrar
daquelas Delícias que só a
Nossa Mãe sabe Fazer,tudo
isso nos trás um Certo Alento
a já tão Conturbada Alma....


Raimundo Sucupira

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